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Livro: Achados e Perdidos
 Autor (a): Brooke Davis
Editora: Record / Gênero: Literatura Estrangeira
Páginas: 252 / Ano: 2016
Skoob / Amazon / Submarino

        Oi galerinha! Tudo legal aí com vocês? Hoje a resenha que trago é de um livro que tem uma capa muito curiosa, verde clara, aquele tom de capa que eu gamo quando vejo na livraria e que me faz ter ainda mais vontade de ler o livro. Li Achados e Perdidos, da Brooke Davis por indicação de uma amiga querida e olha, gostei demais dessa leitura.

        Mas talvez esse não seja um livro que agrade todas as pessoas. Ele é muito doido (sou amarradona nos doidos hahaha) e ele traz uma história muito, muito comovente, que me fez ficar com o coração apertado da primeira à última página. Eu não tenho palavras para descrever de como eu gostei, como esse livro se encaixou com o que eu gosto de ler (com frases de feito, assuntos reflexivos) e se você quer tentar algo diferente, arrisque esse livro, e leia sem pretensão, sem julgamentos. Se não gostar, ok, mas se gostar, vai gostar um tantão, assim como eu.

        Millie Bird é uma garota de 7 anos que acabou de perder o seu pai para uma doença, o câncer. Mas ela ficou sabendo disso por conta do que todo mundo dizia a sua volta. Millie não sabe direito o que é câncer, mas já teve sua dose de conhecimento na vida de que todas as pessoas vão morrer um dia. E é isso o que ela espalha aos quatro ventos: “Você vai morrer um dia, e ok, tá tudo bem com isso”. Millie registra em seu Livro das Coisas Mortas tudo o que já não existe mais e o seu pai infelizmente ao lado de uma aranha morta, ocupa o número 28 desse livro. O que Millie não sabe é que há outro modo de sair da vida de uma pessoa além da morte. Quando ela fica parada a pedido de sua mãe dentro de um shopping ao lado de uma arara de calcinhas extra G aguardando seu retorno por uma hora, duas, três, um dia, dois, três dias, descobre que sua mãe também pode ter partido, mas de outro jeito. Millie sabe que ela não morreu, então porque a esqueceu dentro do shopping? Só lhe resta uma alternativa: mesmo sua mãe dizendo para que espere por ela, naquele local ao lado das calcinhas, Millie precisa sair dali se quiser encontrá-la.  

        É nesse momento que entra na história, Karl, o digitador. Ele tem uma estranha mania de imaginar teclados em todas as superfícies. E quando ele está quieto, é porque está digitando seus pensamentos. Seus dedos não param e essa forma estranha de viver a vida o acalma. Kalr tem 87 anos e perdeu sua esposa, Evie, a pessoa que ele mais amava na face da terra. Não está sendo fácil o restante dos seus dias sem ela. Inclusive já pode colocar no histórico uma fuga de uma casa de repouso, na qual se imaginou se tornando ainda mais velho e sem nenhuma autonomia. Kalr encontra Millie no shopping e entre uma conversa maluca e outra, os dois fazem amizade. Mas Karl está sendo procurado, por sua fuga, e quando o pessoal do shopping percebe que esses dois indivíduos estão praticamente morando no shopping e abrindo pacote de bolachas e doces, resolvem relatar os fatos para o conselho tutelar. Karl sabe que Millie está à procura da mãe e não vai deixar nenhuma assistente social levá-la embora sem que a mesma tenha a oportunidade de procurá-la. Kalr pede para Millie correr, fugir e promete que irá encontrá-la.

        Millie foge e volta para o único lugar que conhece: sua casa. Mas sua mãe não está lá. Quem a vê é Agatha, a vizinha da casa da frente de 82 anos, que perdeu o marido há sete anos e desde então vive para ser rabugenta e solitária. Percebe que tem alguma coisa errada quando vê a menina por muito tempo sozinha sem a mãe e quando Millie tenta contato e pede comida, Agatha promete a si mesma que não vai se envolver. Mas como resistir a uma menina de 7 anos sozinha?

        A história de Millie, Karl e Agatha se entrelaça e juntos partem em busca (em uma viagem alucinante e muito, muito doida pela mãe de Millie). Dois personagens além destes três improváveis viajantes que eu adorei no livro é o boneco de plástico, aquele que fica nas vitrines das lojas expondo roupas (eles andam pra cima e pra baixo com esse boneco, até colocam nome nele, porque segundo Millie, ele a salvou no dia que estava sozinha e perdida no shopping, então virou um amigo, apesar de ser morto) e o Capitão Tudo, um garoto que a Millie encontra em um trem. Esse Capitão Tudo é a graça em pessoa! Foi um dos trechos que mais gostei no livro, quando ele aparece na vida de Millie. Ele a transforma na Capitã Funeral (já que ela adora falar de coisas mortas) e juntos eles creditam ser os super-heróis mais fortes do mundo.

Pra mim, essa foi uma leitura para abrilhantar o meu final de ano. Eu gostei demais, apesar das doses de loucura haha. Millie, Karl e Agatha vão se meter em cada encrenca durante a viagem que uma é mais improvável e absurda do que a outra. Apesar das cenas divertidas, esse livro traz um tema profundo, e nos faz refletir sobre depressão, abandono, sobre o modo que vivemos nossas vidas e que há sim ainda o que ser vivido depois de um luto, que é preciso ter forças para arriscar novamente, mesmo que aquela pessoa querida não esteja mais ao nosso lado. Sei que muitas vezes não é tão fácil quanto parece, e é exatamente isso que o livro mostra. Mas há um caminho, sempre há, e é preciso ter coragem para enfrentá-lo. Amei demais esse livro, entrou para a lista dos favoritos e se você quer uma história para se emocionar e refletir, com uma pitadinha de maluquice, essa é a história certa! Há você também vai aprender algumas coisas, como, por exemplo, o que é um poema andante e para que serve realmente um hífen. Millie entrou para a lista das minhas personagens mais queridas.

Parece estranho alguém querer se encontrar. Não seria mais lógico querer encontrar outra pessoa? Você não é a única coisa que é certeza nesse mundo?

Esse livro foi ambientado na: Austrália.
Em grande parte do livro eles viajam de trem pela Austrália e precisam passar por um deserto. Abaixo segue fotos desse país que sonho um dia conhecer e de momentos que ilustram o livro.




Sinopse:
Millie Bird é uma garotinha de apenas 7 anos que já sabe muita coisa. Ela já descobriu que todos nós um dia vamos morrer. Em seu Livro das Coisas Mortas, ela registra tudo o que não existe mais. No número 28 ela escreveu “Meu Pai". Millie descobriu também, da pior forma possível, que um dia as pessoas simplesmente vão embora, pois a mãe dela, abalada com a morte do marido, a abandona numa grande loja de departamentos. Ela só não está triste porque conheceu Karl, o Digitador, um senhor de 87 anos que costumava digitar com os próprios dedos frases românticas na pele macia de sua mulher. Mas, agora que ela se foi, ele digita as palavras no ar enquanto fala. Ele foi colocado pelo filho em uma casa de repouso, porém, em um momento de clareza e êxtase, ele escapa, tornando-se então um fugitivo. Agatha Pantha é uma senhora de 82 anos que mora na casa em frente à de Millie e que não sai mais, nem conversa com ninguém, há sete anos. Desde que o marido morreu, ela passou a viver num mundinho só dela. Agatha preenche o silêncio gritando, pela janela, com as pessoas que passam na rua, assistindo à estática na televisão e anotando em seu diário tudo o que faz. Mas, quando descobre que a mãe de Millie desapareceu, ela decide que vai ajudar a menina a encontrá-la. Então, a adorável garotinha, o velhinho aventureiro e a senhorinha rabugenta partem em uma busca repleta de confusões e ensinamentos, que vai revelar muito mais do que eles imaginam encontrar.

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Livro: The girl from Everywhere - O mapa do tempo
Livro 1
 Autor (a): Hedi Heilig
Editora: Morro Branco / Gênero: Literatura Estrangeira
Páginas: 416 / Ano: 2017
Skoob / Amazon / Submarino

        Olá, olá! Tudo bem? Hoje a resenha que trago é de um livro com a capa bafônica! – acho que uma das melhores capas de 2017 lançadas em minha opinião – que roubou meu coração já nas primeiras páginas – The girl from EveryWhere, O Mapa do Tempo de Heidi Heilig, foi mais uma das apostas certeiras da editora Morro Branco no ano. Eu sou apaixonada por fantasia, mas lógico, quando o livro de fantasia é bem escrito e esse com certeza foi um dos melhores que eu li neste ano.


 

        O primeiro ponto a destacar é a escrita da autora. Me senti bastante confortável com o livro todo, ela escreve muito bem, detalha os assuntos sem ser enfadonha, soube conduzir bem a narrativa e me deixou muito, muito impressionada com o final. Como este é o primeiro livro de uma série, eu imaginei que ficaria um tanto inacabado os acontecimentos, mas a autora soube terminar muito bem, deixando aquela pontinha de curiosidade para um segundo livro, mas amarrando os assuntos finais de um jeito que não te deixa ansioso (a) demais pela continuação.

Neste livro vamos conhecer a tripulação do Temptation, um barco utilizado por Nix e seu pai Slate para viajar no tempo. Poucas pessoas no mundo tem esse “dom” e Slate é um deles. Nix ainda é uma aprendiz, mas sabe que sua vida depende muito deste aprendizado para continuar existindo. Isso porque a busca frenética desde o nascimento de Nix é por um mapa (a viagem no tempo só é feita de fato através de mapas) que Slate procura sem cessar: Honolulu, 1868 – o ano de nascimento de Nix e também o ano da morte da mãe de Nix, sua esposa. Passaram 16 anos e Slate ainda não soube entender sua perda, e voltar a ver a mãe de Nix é sua obsessão. Mas para isso já utilizou de vários mapas e nenhum conseguiu fazer com que cheguem exatamente no ano de 1868, o ano fatídico. Nix sabe que o pai a ama, mas sabe que não a ama tanto quanto amou sua mãe. E ele não está preocupado se quanto encontrar a mãe de Nix automaticamente estará terminando com a vida de Nix. Porque se você volta no tempo, corre um grande risco de modificar as coisas. Claro que Nix tem muita vontade de conhecer a mãe, mas isso significa ter que deixar de existir, não muito obrigada, Nix prefere é continuar sobrevivendo.

Quando mais uma vez Slate acredita ter encontrado o mapa certo, e voltam dois anos depois da morte da mãe de Nix à Honolulu, uma série de acontecimentos se desenrola. Nix já está cansada de ver o pai ser engano por chantagistas que lhe oferecem os melhores mapas, mas que nunca estão corretos. Mas dessa vez o negócio parece que ficou gigante: Slate tem certeza que o mapa correto está de posse do Sr. Hart, mas o valor a ser negociado é de quase um milhão de dólares. Para conseguir esse valor, parece que vão precisar roubar um certo Rei do Havaí e Nix não está nada satisfeita com essa história.

- É muito dinheiro por algo de valor sentimental. – Porque ele tinha que ser tão observador? Dei de ombros, tentando parecer indiferente, - Dizem que o amor transforma todos nós em tolos.

        Além de tentar colocar um pouco de juízo na cabeça do pai, Nix precisa lidar com seus sentimentos em relação a Kash, um tripulante do navio ao qual só via como amigo, mas que de repente começou a ficar próximo demais e Blake, o filho do Sr. Hart, que tem dons artísticos muito precisos e resolveu também bagunçar com o seu coração.

Por que as histórias que eu conhecia mais a fundo nunca acabavam bem? E por que eu me sentia mais à vontade entre elas?

        Durante o livro vamos ser transportados para detalhes lindos da cultura do Havaí, vamos conhecer seres mágicos e vamos torcer para que Nix consiga se livrar das encrencas nas quais se mete junto com o seu pai, o capitão Slate.

        Como a história sugere um triângulo amoroso, fica ainda mais interessante acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, e eu já tenho o meu time favorito! Hahaha não sei como será nos próximos livros, mas eu sou do Team Kash! Gostei muito do personagem dele, apesar do Blake ser bastante sensível também, mas adorava quando ele chamava a Nix de Amira, sempre de uma forma muito carinhosa, e devota. Então, eu to torcendo pra esse casal, hahah, mas não sei se minha escolha vai mudar no próximo livro.


        Também é possível notar que a autora quis trabalhar bem esse negócio da obsessão de Slate, e o frágil relacionamento que tem com a filha. A medida que o livro avança porém, a autora vai trazendo algumas lições para os dois, e o amadurecimento dos personagens me satisfez muito.

        Uma das fantasias que eu mais gostei do ano, “The girl from every where” é ideal para quem gosta de um bom romance permeado por aventuras, piratas, mar, barcos, e muita imaginação! Super recomendo a leitura!

Esfreguei o sono dos olhos e me sentei, fazendo a rede balançar. Fazendeiros podem acordar com os galos, mas marinheiros acordam com palavrões. 



Ambiente do livro:
A história se passa em sua maior parte do tempo na ilha do Hawai. 
Que belo cenário para uma história de fantasia:







Sinopse:
Nix é uma viajante do tempo. Ela e seu pai, Slate, velejam a bordo do Temptation, um navio pirata repleto de tesouros. Ao longo do caminho eles encontram amigos, uma tripulação de refugiados do tempo e até mesmo um charmoso ladrão que pode significar muito mais para Nix.

Tudo que Slate precisa é um mapa certo para viajar a qualquer tempo e lugar, real ou imaginário: seja para a China no século 19; terras vindas direto das Mil e Uma Noites ou até mesmo uma mítica versão da África. Apesar das inúmeras possibilidades, o pai de Nix está obcecado com um mapa específico: Honolulu, 1868 – o ano de nascimento de Nix e a última vez em que ele viu sua esposa viva. E, por uma chance de reencontrá-la mais uma vez, Slate está disposto a sacrificar a tudo e a todos.
Quando o desejado mapa aparece, Nix vê sua própria existência em perigo e agora deve descobrir o que quer, quem é, e aonde realmente pertence, antes que seu tempo acabe. Para sempre.

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Livro: Entre irmãs
 Autor (a): Frances de Pontes Peebles
Editora: Arqueiro / Gênero: Romance 
Páginas: 576 / Ano: 2017
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        Resenha elaborada pela colaboradora Ana Paula dos Santos

         Entre Irmãs, de Frances de Pontes Peebles, conta as histórias de Emília e Luzia, duas irmãs que acabam separadas depois que Taquaritinga do Norte, sua cidade, é invadida por um bando de cangaceiros. Muito mais do que isso, descreve vidas sofridas marcadas por uma época, por um lugar, por tradições, pelo clima, por circunstâncias e que, apesar de tudo, não deixam de alimentar seus sonhos e suas esperanças de uma vida melhor.




         O livro é dividido de forma bastante interessante. Os capítulos são separados em “Emília” e “Luzia”, e relatam os acontecimentos dentro de um período de tempo. Mesmo havendo esta divisão, a narrativa é bastante clara, e os fatos não ficam soltos.

         As irmãs são jovens muito diferentes. Emília é sonhadora, tem uma visão romântica do mundo, anseia por uma vida melhor na qual sua casa seja azulejada, e ela, uma dama. Sente uma certa inveja da chamada liberdade que Luzia obteve desde que ficou aleijada, mas ao mesmo tempo gostaria de ter a velha Luzia de volta, já que sente que a irmã não se permite ser mais leve.

         ... Sempre desejou ter uma irmã normal, que gostasse de vestidos elegantes, de revistas, de maquiagem e de dançar. Que quisesse ir embora de Taquaritinga tanto quanto ela. Ver Luzia dançando assim desajeitada, diante do espelho, só confirmava a esperança que sempre teve – de que, por baixo do braço aleijado e da cara séria, sua irmã era, afinal, uma moça como outra qualquer”.

         Luzia não aparenta ser sonhadora. Sofreu uma grande queda de uma árvore quando criança, e a fratura mal curada a deixou aleijada. As crianças a apelidaram de Vitrola por causa do braço, e todos a viam como uma mulher sem perspectivas de casamento (talvez o maior objetivo para as mulheres da época). Quando os cangaceiros invadem a cidade onde moram, Antônio, mais conhecido por Carcará, líder do bando, decide levá-la com eles, e é então que as irmãs se separam, e suas vidas se transformam.

         _Ei, você - disse o Carcará, interrompendo as lembranças de Emília. – Venha cá, por favor.

         A moça assentiu. O xale nos seus ombros pesava por causa da chuva.
_Vá lá dentro e faça a mala dela – disse ele, bem devagar, como se tentasse convencer uma criança pequena. – Não ponha muita coisa. Só o que dê para carregar.
[...] _Por que está aqui? – Perguntou ela. – Onde se meteu?
         _Estava no quartinho dos santos – respondeu Luzia. – Rezando.
         _Ele mandou eu arrumar as suas coisas – disse ela.
         Luzia assentiu.

         Emília se casa com Degas Coelho, um estudante da capital, Recife, que passava férias na fazenda do Coronel Pereira, onde ela trabalhava como costureira. Luzia vai, aos poucos, se integrando ao bando dos cangaceiros.

         A narrativa é bastante descritiva, consegue fazer com que o leitor sinta as dificuldades que cada uma das personagens enfrenta. Apesar de Emília também viver momentos complicados após sua chegada à capital pernambucana com a sogra – uma mulher um tanto arrogante e sistemática -, para ser aceita na sua nova casa e na sociedade e com os difíceis e marcantes momentos políticos que enfrentam, foram os capítulos de Luzia pelos quais eu mais ansiei.

         _Você deve estar achando que só porque ganhou um concurso pode falar comigo neste tom. Que pode se pavonear por aí afora com esses seus vestidos idiotas. Que pode fazer insinuações a respeito de meu filho. Mas não seja tão audaciosa assim. Aquelas mulheres das famílias novas que estavam ali riem de você. Pelas costas. Acham pitoresca essa sua mania de querer parecer uma dama. Acham engraçado. Eu sei. Já ouvi elas dizerem. E as criadas também me contam. Não sabe que elas ouvem as conversas das patroas? Não sabem que contam tudo o que ouvem umas para as outras? Que as histórias sobre a esposa de Degas Coelho se espalham de casa em casa? Não se iluda. Deixe-me dizer as coisas de um jeito que você vai entender, já que é lá do sertão: sabe o que acontece quando uma formiga cria asas? Ela fica toda cheia de si. Sai voando por todo lado como um passarinho. Mas vai ser sempre um inseto. E você vai ser sempre uma costureira”.

         Mesmo com a separação, essas queridas irmãs conseguem saber uma da outra através dos jornais, já que uma entrou para uma família tradicional, e a outra para o cangaço, e ambas guardam recortes das reportagens nas quais a irmã é mencionada.


         É impossível ler o livro e não pensar nas condições de vida na caatinga, não sentir o sol escaldante em nossa própria pele, as bolhas e as feridas das caminhadas em nossos próprios pés, e também as angústias de um povo que convive com a seca. É uma leitura tocante e que nos leva a refletir.

         Todo ano, nos meses secos, a caatinga se tornava avarenta e, quase sempre, chegava a ser cruel. Jogava-lhes areia nos olhos, queimava-lhes a pele com o sol, obrigava-os a sair à cata de água. Justo quando já estavam de procurar, ela os presenteava com uma fonte escondida ou um riacho de águas claras. Dava-lhes cabras e tatus mansinhos, com bastante carne. Mas só o fazia se estivessem de olhos bem abertos. Como bons criados, os moradores da caatinga aprendiam a escutar o patrão, a antecipar as suas mudanças de humor, a saber que uma carreira de formigas fora do formigueiro significava chuva; que uma gameleira com folhas verdes, crescendo na fenda de um rochedo, indicava a presença de uma fonte; que grandes cupinzeiros eram sinais de seca e de sede. Se aprendessem a interpretar corretamente esse patrão cruel durante os meses de estiagem, sobreviveriam para lidar com um amo bem mais generoso assim que as chuvas chegassem”.

O livro ganhou adaptação para o cinema. Abaixo segue o trailer:


Sinopse:
Ganhador do Prêmio de Ficção do Friends of American Writers e agora adaptado para o cinema, Entre irmãs é uma história de amor e lealdade, um romance arrebatador sobre a saga de uma família e de um país em transição.


Nos anos 1920, as órfãs Emília e Luzia são as melhores costureiras de Taquaritinga do Norte, uma pequena cidade de Pernambuco. Fora isso, não podiam ser mais diferentes.

Morena e bonita, Emília é uma sonhadora que quer escapar da vida no interior e ter um casamento honrado. Já Luzia, depois de um acidente na infância que a deixou com o braço deformado, passou a ser tratada pelos vizinhos como uma mulher que não serve para se casar e, portanto, inútil.

Um dia, chega a Taquaritinga um bando de cangaceiros liderados por Carcará, um homem brutal que, como a ave da caatinga, arranca os olhos de suas presas. Impressionado com a franqueza e a inteligência de Luzia, ele a leva para ser a costureira de seu bando.

Após perder a irmã, a pessoa mais importante de sua vida, Emília se casa e vai para o Recife. Ali, em meio à revolução que leva Getúlio Vargas ao poder, ela descobre que Luzia ainda está viva e é agora uma das líderes do bando de Carcará.

Sem saber em que Luzia se transformou após tantos anos vagando por aquela terra escaldante e tão impiedosa quanto os cangaceiros, Emília precisa aprender algo que nunca lhe foi ensinado nas aulas de costura: como alinhavar o fio capaz de uni-las novamente.

***
“Riquíssimo em detalhes.” – Publishers Weekly

“Uma saga histórica cativante. A verdadeira beleza do romance de Frances de Pontes Peebles está na relação entre Emília e Luzia, duas mulheres fortes que permanecem ligadas e dedicadas uma à outra, apesar do diferente rumo que suas vidas tomaram.” – Library Journal

Emília não conseguia imaginar vidas inteiras sendo determinadas por coisas tão grosseiras e vulneráveis como corpos, ou coisas tão impalpáveis como almas. Não podia se convencer de que o seu destino, ou o de Luzia, já estivesse traçado desde o começo. Estava acostumada a escolher. Como toda costureira. Até o mais grosseiro e sem graça dos morins podia ser tingido, cortado e costurado para se criar um vestido elegante, desde que se fizessem as escolhas certas. Escolhas também podiam transformar a mais linda das sedas numa catástrofe, informe e repuxada. Como as pessoas, cada tecido tem as suas próprias vantagens e limitações. Alguns são finos e lindos, mas frágeis, que se rasgam ao mínimo picote. Outros têm a trama tão cerrada que nem dá para ver as fibras. Há ainda os que são grossos, encorpados, chegando até a arranhar. Impossível mudar o caráter de um tecido. Ele pode ser cortado, rasgado, cosido para se transformar em vestidos, calças ou toalhas de mesa, mas, seja qual for o feitio que assuma, o pano continuará sempre o mesmo. A sua verdadeira natureza não se altera. Qualquer boa costureira sabe disso.

         

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Livro: O beijo traiçoeiro
 Autor (a): Erin Beaty
Editora: Seguinte / Gênero: Romance / YA
Páginas: 440 / Ano: 2017
Livro 1 - Trilogia Traitor's
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       Oi oi gente! Tudo bem? Prontos para a resenha de hoje? Vai ser de livro amorzinho, mas com uma pegada mais misteriosa – O Beijo Traiçoeiro, de Erin Beaty, publicado pela editora Seguinte, selo da Companhia das Letras promete ser um romance em estilo espionagem e é exatamente isso que vamos encontrar aqui.

Representamos vários papéis ao longo da vida... isso não faz com que todos sejam mentira.

        Eu diria que ele está mais para um romance de época teen, e achei interessante essa proposta, porque a maioria dos livros de época de leio trazem personagens mais velhos como protagonistas. Neste livro a nossa protagonista acabou de completar 17 anos e é uma garota danada de esperta, gostei bastante dela – a pequena Sage Fowler impetuosa e de língua afiada.


        Sage não é nobre. Seus pais já morreram e ela não é o que diriam ser um ótimo partido para o casamento. Por esse motivo é levada a aceitar a proposta de Darnessa Rodelle e se tornar uma aprendiz de casamenteira. A casamenteira tem como intuito observar garotas e garotos e colher informações que serão úteis para juntar possíveis casais no futuro, que combinem entre si e que tragam alguma valia a mais para governos e reinos.

        É a caminho de um Concordium (encontro que as casamenteiras levam suas escolhidas para promover laços com outras famílias importantes) que Sage conhece Ash Carter, filho bastardo do rei e que também está representando um papel para não ser reconhecido em meio a sua tropa (sua tropa foi designada para escoltar as garotas até o seu destino, mas não somente isso – parece que alguma coisa errada está acontecendo no reino vizinho e Ash quer descobrir o que é).  Os dois são levados a se cruzarem várias vezes e parece que Ash resolveu chegar de forma impetuosa na vida de Sage que está muito bem obrigada, e não pensa em se casar nunca. Mesmo porque, está só fingindo ser uma dama, em meio às demais garotas, para poder colher melhores informações sem ser percebida.

O silêncio era seu companheiro e o recebeu de abraços abertos, mergulhando nele.

        Acontece que Sage é esperta demais e acaba descobrindo mais do que deveria. De início quase foi confundida com uma espiã, mas quando Ash percebeu que ela estava do lado correto da força (hahaha) começou a dar mais corda para a garota que tinha os planos mais mirabolantes e que davam muito certo.

       Sage passa então não somente a trabalhar para a casamenteira, como também para a tropa de oficiais que a escolta e de repente se vê num circulo de fogo, onde sua vida pode estar tremendamente em risco.

- Porque prefiro cometer um erro sozinha a entregar meu destino nas mãos de outra pessoa. - Ela sorriu para ele de viés. - E acredite em mim: sou muito boa em cometer erros.

        Casamentos arranjados, lutas por conquistas de terras estrangeiras, estratégias de ataque são alguns dos temas abordados durante a narrativa que se torna extremamente agitada do meio para o final. Confesso que no começo da leitura tive um pouco de dificuldade de acompanhar a narrativa, pois a autora é linear, mas salta para novos temas rapidamente (os capítulos são bastante curtos). Porém depois que você se acostuma com o estilo de escrita da autora fica mais confortável acompanhar. O romance que ela cria entre os personagens principais é muito doce e envolvente, achei que ficou na medida o suspense que ela gerou em torno dos dois personagens, e os segredos que Ash guarda me surpreenderam também, achei que foi uma sacada bem legal da autora o que ela propôs para ele.




       No final fiquei até de coração apertado, por conta de um acontecimento e torci para os personagens conseguirem se safar das armadilhas cruéis do conde D’Amiran. O livro é bastante diferente do que eu imaginava, já que sugere talvez com essa capa romântica uma narrativa mais frágil e doce. Na verdade a narrativa é conduzida para uma proposta de plano de guerra, de uma tropa valente e que busca estar preparada para emboscadas de reinos próximos e o romance entre os protagonista fica mais de pano de fundo, o que em minha opinião foi uma sacada boa da autora, pois não sufocou o brilho do drama que estava acontecendo em torno do casal me deixando muito ansiosa pelo desenrolar dos acontecimentos. Gostei muito do livro a leitura me prendeu muito e fiquei bastante contente com o final. Dá a entender que terá continuação, mas termina bem amarrado o que pra mim é ótimo, gosto de livros que embora tenham continuação terminam de forma definida. Super indico, para quem quer ler um romance de época diferente do usual.


- Eu te amo Sage Fowler. De todas as coisas que disse e fiz, essa é a mais verdadeira. 


Sinopse:
Com sua língua afiada e seu temperamento rebelde, Sage Fowler está longe de ser considerada uma dama — e não dá a mínima para isso. Depois de ser julgada inapta para o casamento, Sage acaba se tornando aprendiz de casamenteira e logo recebe uma tarefa importante: acompanhar a comitiva de jovens damas da nobreza a caminho do Concordium, um evento na capital do reino, onde uniões entre grandes famílias são firmadas. Para formar bons pares, Sage anota em um livro tudo o que consegue descobrir sobre as garotas e seus pretendentes — inclusive os oficiais de alta patente encarregados de proteger o grupo durante essa longa jornada. Conforme a escolta militar percebe uma conspiração se formando, Sage é recrutada por um belo soldado para conseguir informações. Quanto mais descobre em sua espionagem, mais ela se envolve numa teia de disfarces, intrigas e identidades secretas. E, com o destino do reino em jogo, a última coisa que esperava era viver um romance de tirar o fôlego.

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Livro: Retalhos
 Autor (a): Craig Thompson
Editora: Companhia das Letras / Gênero: Graphic Novel / HQ
Páginas: 592 / Ano: 2009
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Olá pessoas, tudo bem com vocês? Hoje a resenha que trago é de um livro que eu estava louca para ler já fazia um tempinho: Retalhos, de Craig Thompson publicado pela Companhia das Letras - uma graphi novel extremamente premiada. Sempre que eu ia a uma livraria ficava folhando um pouquinho desse livro, vendo as imagens, degustando. Ainda não tinha criado coragem para comprar porque estou com muitos livros embalados ainda e o precinho dele costuma ser alto (ainda não tinha encontrado uma promoção boa que me fizesse comprar, mas o desejo estava lá, latente hahah). Eis que vou viajar e na pousada que fiquei, na biblioteca que eles disponibilizam para os hospedes ele estava lá, lindo e reluzente, me aguardando. E como choveu dois dias seguidos, foi a desculpa maravilhosa para ficar debaixo das cobertas e ler o livro.





Ele é grosso, tem 592 páginas, mas como se trata de quadrinhos, a leitura é bastante dinâmica e rápida. Confesso, porém, que eu me delongava um pouco mais em alguns quadros, pois os desenhos são belíssimos e de uma profundidade sem tamanho. Quando eu terminei a leitura, voltei várias vezes para espiar alguns dos desenhos que eu mais tinha gostado, porque são lindos e carregados de sentimentos.

O livro é uma autobiografia e traz o autor como personagem principal. Não sei se tudo o que ele narra na história realmente aconteceu em sua infância e adolescência, ou se quis retratar de modo geral como era a vida dos jovens criados no meio oeste dos Estados Unidos: identidades moldadas fortemente na religião. Mas o tom denotado pelo autor nos quadrinhos sugere uma religião muito opressiva, cega, que mantinha fiéis através do temor a Deus. Craig cresceu achando que tudo o que fazia era pecado, seus pais pouco conversavam sobre sentimentos, e quando alguma coisa estava saindo do controle a premissa que usavam é: “você não pode fazer isso, Deus não gosta, Deus castiga”.

Na mente de uma criança isso se torna um emaranhado de imagens controversas e o autor vai ilustrar muito bem essa ilusão distorcida da qual a religião fez parte. Craig em sua inocência achava que não precisava de muito para agradar Deus. Inclusive queria louvá-lo através de seus desenhos, dom que lhe era característico. Mas quando falava deles ou os expunha para os adultos, achavam que desenhos não eram algo que agradasse Deus e esperavam dele feitos maiores: sugeriram até que seguisse a carreira religiosa.

Nos acampamentos religiosos que aconteciam regularmente, Craig ficava ainda mais confuso, porque via jovens pouco interessados na palavra de Deus e nas orações. Estavam mais interessados em falar sobre quem iria pegar quem, sobre zombar e fazer bulling, sobre drogas e assuntos mundanos. Craig se sentia deslocado a todo o momento (um retrato bastante comum da fase da adolescência e me vi muito nele).


Eis então que surge Raina, uma garota linda aos olhos de Craig e que vai mudar seu mundo de cabeça para baixo. Porque Craig foi criado para temer Deus, para ver paixão e sexo como pecado e Raina vai ser aquela pessoa que o vai deixar extremamente em conflito interno.

A partir do momento que Raina surge podemos perceber que Craig sai de sua pequena caixa e se desdobra para o mundo. Ele vai começar a questionar seus sentimentos, o que foi lhe imposto até o momento, e se realmente tudo é tão errado e desfigurado como foi lhe proposto até então.


Por que amar é pecado? Por que sentir devoção a outra pessoa também não pode ser um modo de louvar a Deus?

Esse momento, do primeiro amor, do se deixar levar pela primeira paixão, é lindamente retratado pelo autor, tanto que os desenhos foram os que mais me prenderam, que mais me apaixonaram.

Esse livro é um tesouro, ele nos faz refletir sobre vários temas. Achei tocante o relato da infância de Craig e seu irmão mais novo, o carinho que ambos tinham um pelo outro, mesmo Craig achando que falharam em vários momentos, deixando de lado seu papel como protetor. Isso soou tão doce pra mim, porque ele também era somente uma criança e a responsabilidade pelos cuidados das crianças são dos adultos. Mas eu também como irmã mais velha tinha essa ânsia de não deixar nada de errado acontecer ao meu irmão.

Outros temas subentendidos também aparecem no decorrer do livro como abuso sexual infantil, divórcio, deficiência intelectual e síndrome de Down. Uma obra riquíssima em detalhes, que aborda os temais mais tabus, mas não de uma forma agressiva. É aquele tipo de livro que faz você repensar valores e que muitas das mudanças cruciais da nossa vida são tomadas a partir do momento que resolvemos seguir adiante. O amadurecimento está em muitas vezes deixar partir, insistir no que realmente nos faz feliz.

Não se enganem com a profundidade desse livro. Ele é denso, te faz descer até o último degrau da sua consciência. Te faz viver o amor (na sua forma mais pura e singela, entre irmãos, entre pessoas) e o terror (da opressão da religião, das teias perversas dos adultos para com as crianças, dos temores que nos são enraizados desde que nascemos e demoram a tomar outros rumos depois que moldados em nosso consciente). Uma leitura extraordinária, que vale a pena. Fui totalmente enganada por essa capa singela, hahaha. Achei que o livro seria bem leve, um romance mais suave. Pois é, foi mais para um tremendo tapa na cara e um soco no estomago - mais foi lindo, foi lindo ser nocauteada por ele! 


Sinopse:
Uma das graphic novels mais premiadas dos últimos tempos, Retalhos é um relato autobiográfico da vida no meio-oeste americano. Thompson retrata sua própria história, da infância até o início da vida adulta, numa cidadezinha de , no centro dos Estados Unidos, que parece estar sempre coberta pela neve. Seu crescimento é marcado pelo temor a Deus - transmitido por sua família, seu colégio, seu pastor e as trágicas passagens bíblicas que lê -, que se interpõe contra seus desejos, como o de se expressar pelo desenho.


Ao mesmo tempo Thompson descreve a relação com o irmão mais novo, com quem ele dividiu a cama durante toda a infância. Conforme amadurecem, os irmãos se distanciam, episódio narrado com rara sensibilidade pelo autor.



Com a adolescência, seus desejos se expandem e acabam tomando forma em Raina - uma garota vivaz, de alma poética e impulsiva, quase o oposto total de Thompson - com quem começa a relação que mudará a visão que ele tem da família, do futuro, de Deus, e, enfim, do próprio amor. Retalhos traz as dores e as paixões dos melhores romances de formação - mas dentro de uma linguagem gráfica própria e extremamente original.


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