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Livro: Entre cabras e ovelhas
 Autor (a): Joanna Cannon
Editora: Morro Branco / Gênero: Ficção, Literatura Estrangeira
Páginas: 472 / Ano: 2017
Skoob

        Olá gente bonita, tudo bem com vocês? Espero que sim! Hoje a resenha que trago aqui para vocês, é deste livro lançamento da editora Morro Branco: Entre cabras e ovelhas, romance de estréia da autora Joanna Cannon. Me apaixonei tanto por essa obra, que só tenho a dizer que se Joanna continuar a escrever, quero muito ler os próximos livros dela. 






        De imediato, quando esse livro chegou as minhas mãos, com essa capa e esse título, notei que teria uma conexão com ele. Uma boa conexão. Sei lá, tem livros que a gente sente essa vibração logo que coloca as mãos. Como é um lançamento eu não sabia muita coisa da história. Eu não sabia o que esperar dela. Mas sabia, bem lá no fundo do meu coração (hahah eita que piegas) que eu me renderia a esse livro. 

        E o primeiro capítulo, foi um dos primeiros capítulos mais espirituosos, cativantes, e marcantes que li nos últimos tempos. Sério gente, meus olhos brilharam logo no primeiro capítulo. E fiquei com tanto medo de avançar na leitura e de repente me decepcionar com o final! Mas está é a prova de que, o livro todo me emocionou muito, que o final foi perfeito, e cá estou feliz da vida com uma leitura concluída e linda de se apaixonar perdidamente hahah!


        Entre cabras e ovelhas vai nos contar a história de uma pequena vila. Ambientada no ano de 1976, quando vizinhos ainda se encontravam nas ruas para conversar, bater papo no coreto central, ou simplesmente tomar um chá ali e acolá (pena que hoje em dia quase não temos mais isso. Tenho vizinhos que nem sei o nome, culpa de ambas as partes, já que estamos tão acostumados ao nosso pequeno mundinho particular). E como em toda pequena vila, tudo mundo sabe da vida de todo mundo. Bem, quase todo mundo. Alguns segredos foram muito bem escondidos. Alguns segredos permaneceram em silêncio por anos. E o recente sumiço da senhora Creasy colocou em polvorosa toda a vizinhança. Parece que a senhora Creasy sabe coisas demais. Ela era muito solidária aos vizinhos, logo estava na casa de um e de outro todo dia. Quando se participa muito da vida das pessoas assim logo acaba sabendo coisas demais. 


A sra. Creasy desapareceu numa segunda-feira. Sei que era uma segunda-feira, pois era o dia  em que os lixeiros passavam e a vila era inundada com o cheiro de pratos sujos e raspados. 

Há muitas suspeitas em relação a esse sumiço: suspeita-se que o marido tenha dado um fim em sua querida esposa; suspeita-se que talvez ela tenha posto fim à própria vida; mas a maior suspeita de todas gira em torno de um morador, o morador da casa 11, Walter Bishop, um vizinho que é mantido bem longe de todos e que é considerado um excluído, julgado sem ter realmente cometido algum crime, mas que aparentemente é misterioso demais e estranho demais para ser considerado parte da vila. Sua casa é aquele tipo de casa que se é proibido aproximar. Todos da vila sabem disso. Todos sabem que Walter Bishop não é boa gente. Ele tem uma máquina fotográfica que utiliza para tirar fotos sem permissão das pessoas. E rola boatos que ele fez coisas no passado das quais deveria pagar e pagar muito. 


- Vocês não querem uma barra de chocolate ou um biscoito? - A sra. Morton estava sempre tentando nos empurrar chocolates. Tinha uma lata cheia na despensa e nenhuma criança em casa. A despensa era cavernosa e atulhada de biscoitos recheados ou cobertos de chocolate, e eu muitas vezes tive fantasias extravagantes nas quais me via encurralada lá dentro a noite inteira, sendo obrigada a me empanturrar de mousse Angel Delight até morrer. 

        Muito se especula sobre esse desaparecimento da senhora Creasy. E Grace e sua amiga Tilly estão realmente incomodadas com essa situação. Parece que depois que a sra Creasy sumiu a vila não é mais a mesma. Estão todos a flor da pele, todos medrosos e com a pulga atrás da orelha. Colocam a culpa no calor excessivo, mas Grace sabe que não é só isso. Então essas duas detetives mirins (já que são duas crianças mega fofas de 10 anos que dão uma cor super alegre em todo esse drama) resolvem procurar motivos pelos quais a senhora Creasy resolveu deixar a vila. E o principal motivo suspeitam é que talvez tenha sido culpa de Deus. E que quando encontrarem Deus, a senhora Creasy também será encontrada. Mas como procurar Deus em uma vila? Sair de porta em porta, procurando em cada casa será a solução. Mas Grace e Tilly encontrarão muito mais do que Deus. Encontrarão respostas duras e sinceras para as quais garotas de 10 anos talvez não estejam devidamente preparadas, e vão descobrir aos poucos que uma pequena vila esconde mais segredos do que deveria esconder. 


- Por que as pessoas desaparecem? - repeti. O pároco calçou o sapato e andou até mim. Parecia mais alto do que quando estava na igreja e era muito sério. As linhas em sua testa eram fundas e grandes, como se o rosto tivesse passado a vida inteira tentando reolver um problema muito grande. Ele não olhou para mim, e sim por cima das lápides. - Por muitas razões - respondeu, depois de algum tempo. Uma porcaria de reposta. Eu já havia encontrado sozinha aquela resposta e nem tinha Deus para perguntar. 

        Gente, sério, que livro espetacular. Ele é diferente de tudo o que já li. Ele não é religioso, mas fala de Deus em um tipo de mensagem que cabe a qualquer religião. É muito sutil esse tipo de abordagem da autora, mas dá um tom todo especial a obra. Este é aquele tipo de livro cebola: você precisa ir desvendando as camadas (esse negócio de cebola inventei agora, mas não imagine que ele seja uma cebola no gosto tá gente, cebola é muito ruim, mas imagine as camadas da cebola, háaa vocês me entenderam né kkkk). A autora não te dá a história pronta. Ela quer te fazer pensar. Tanto que a narrativa ora é feita pela Grace (me apaixonei por essa personagem e pela Tilly. A autora super acertou na mão ao colocar essas duas personagens como principais na trama, elas são inocentes, inteligentes e fazem umas sacadas muito espertas em relação aos adultos) e ora é narrada por outras pessoas da vila. Também passeia em trechos de flash back, que te fazem ter um gosto do que aconteceu antes, e então volta para a narrativa no tempo presente, deixando a história com aquele gosto de suspense e novidade a cada virar de página. 


- Elas batem em vocês? - a mão da sra. Forbes voou até a boca. - Ah, não, elas não nos batem, sra. Forbes. Nem sempre é preciso bater nas pessoas para maltratá-las - expliquei. 

        Não consigo enquadrar esse livro em um único tema: drama, suspense, religião, inocência, pré-julgamentos, fofocas infundadas, amizade e lealdade são alguns dos temas abordados na obra. A autora fez uma salada de temas que olhando de longe parece que vai dar um tremendo nó, mas não! Ela consegue encaixar com maestria todos eles. É uma obra maravilhosamente escrita, que vai deixar marcas no coração. Que vai te fazer pensar nos atos cotidianos. Em como sempre estamos julgando pessoas sem realmente conhece-las, em como acreditamos em uma única história que nos é contada sem realmente pesquisar a fundo sobre ela. E principalmente - como esses julgamentos são perigosos e mudam completamente a vida das pessoas. E como ao julgarmos nos tornamos cegos a todo o resto, nos precipitando em atos impensados, agindo por instinto. Só digo uma coisa: LEIA, LEIA, LEIA!!! e também se apaixone por esse livro. Uma das melhores leituras do ano, super favorito, que me fez refletir se estou sendo cabra ou ovelha nessa vida. Ainda tô aqui pensando, não cheguei a um veredicto ;) 


[...] ele nunca tinha dito Eu te amo. Inseguras de si mesmas, essas palavras soavam desconfortáveis e pareciam presas, recusando-se a sair. Em vez de dizer Eu te amo, ele dizia Cuide-se e A que horas você volta? Em vez de dizer Eu te amo, deixava o guarda-chuva dela no último degrau da escada para que não fosse esquecido, e no inverno colocava as luvas em cima da cadeira ao lado da porta, para que ela se lembra-se de calçá-las antes de sair.



Sinopse:
Inglaterra, verão de 1976. A sra. Creasy está desaparecida e a Vila borbulha com fofocas. Os vizinhos culpam a sufocante onda de calor por seu repentino sumiço, mas as pequenas Grace e Tilly não estão convencidas disso.

Com o sol brilhando incansável no céu, as meninas decidem tomar o assunto em suas próprias mãos e, batendo de porta em porta atrás de pistas, percebem que todos na Vila têm algo a esconder. Enquanto a rua começa a revelar seus segredos, as pequenas detetives vão perceber que nem tudo é o que parece.

***

“Encantador do começo ao fim”
Paula Hawkins, autora de A Garota no Trem

- 3º lugar na lista de mais vendidos do Sunday Times
- “Melhores livros de ficção” pela Waterstones
- Finalista do British Book Awards 2017




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