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Oi
gente, tudo bem? Hoje a resenha que trago aqui pra vocês é de um lançamento
lindo, lindo da editora Martin Claret, O menino múltiplo, escrito por
Andrée Chedid. Bom, de cara a gente já fica impressionado com a qualidade da
publicação. Em capa dura, MARAVILHOSA, essa edição está de encher os olhos, uma
capa que me deu vontade de imediato de ir a um parque de diversões, voltar a
ser criança, comer algodão doce, e brincar no carrossel.
Aliás,
o tema central desse livro é justamente um carrossel. Mas esse doce brinquedo
que lembra muito nossa infância é apenas pano de fundo para uma realidade cruel
e devastadora: a guerra.
Um
livro narrado de forma bastante lírica, que em vários trechos me fez ler como
se estivesse diante de um lindo poema escrito em forma de parágrafo. E como eu
sou fã de escritas assim me apaixonei perdidamente pela delicadeza de
AndréeChedid. A Martin Claret resolveu arriscar na tradução dessa autora aqui
no Brasil, que até então não tinha nenhuma obra traduzida ainda na nossa terra
tupiniquim. A editora acertou em cheio traduzindo essa obra (muito bem
traduzida por sinal).
Para
você que gosta de um livro mais cabeça, essa é a pedida certa. Não é de forma
alguma um livro com frases rebuscadas e enredo de difícil compreensão. Mas é um
romance um pouco mais denso do que o habitual, e mexe com pormenores como:
preconceito, guerra, relações familiares, sentimentos.
Em
relação à história, vamos conhecer Maxime, um empresário que resolve comprar um
carrossel e restaurá-lo, para que passe a se sustentar do mesmo, e aposta todas
suas fichas nesse investimento. Maxime reforma o carrossel e o faz lindamente
funcionar, na praça central. Ele passa a ser a sensação da praça, atrai muitas
crianças todos os dias e Maxime está muito satisfeito com o resultado do seu
empreendimento. Sua família o chamou de maluco quando ele comprou o carrossel,
mas agora pode mostrar para todo mundo que não foi uma ideia ruim - de jeito
nenhum - foi a melhor ideia que já teve em sua vida.
Tudo
vai muito bem até o carrossel começar a perder a graça. As crianças das
redondezas estão indo com menos frequência, Maxime está cada dia mais
desanimado com a fluidez de pessoas que passam por ali, e o medo que o invade é
o de pensar que talvez seus familiares no fundo estivessem corretos.
Desanimado,
numa bela manhã tira o toldo que cobre as poltronas do carrossel e se depara
com um garoto dormindo nos bancos. Maxime logo resolve enxotá-lo dali, mas o
garoto é insistente. Ele pede para dar uma volta no carrossel e pode pagar com
serviços: ajudar a limpar ali e aqui. Maxime não quer encrenca com o garoto e
não aceita, por achar que se trata de um garoto de rua. Mas o garoto retruca
lhe dizendo que tem família sim, mas que está muito entediado já que tem que
ficar em casa enquanto seus tios trabalham, sem nada para fazer. O garoto se
apresenta: se chama Omar-Jo e veio do Líbano. O garoto também não tem um braço,
mas não quer falar sobre isso.
Maxime
relutante aceita a oferta, e dia após dia o menino volta, oferecendo serviços
seus “de graça” em troca de um pouco de aventura no carrossel. Omar-Jo porém
não serve apenas para ajudar com a manutenção do carrossel. Ele é inteligente e
espirituoso e começa a encenar peças teatrais para as crianças que ainda vem dar
suas voltas no brinquedo gigante. Omar-Jo é aquele típico menino iluminado, que
enche de cor por ondepassa, mesmo tendo dentro de si tanto cinza promovido pela
guerra que viveu na qual perdeu seus pais. Maxime então passa a gostar do
menino e uma grande história de amizade passa a acontecer entre os dois,
naquele colorido carrossel.
Li
tão rápido esse livro, que quando vi já estava virando a última página. A
história é simples, mas te envolve, e o lirismo com o qual foi escrita deixa um sabor suave a cada trecho. Comparei o livro várias
vezes com “O Pequeno Príncipe”, acredito que talvez por conta de algumas das
falas do garoto Omar-Jo, um dos personagens mais cativantes desse livro, em
minha opinião. Um livro realmente para
ser apreciado e lido com suavidade, para degustar mesmo. Não imaginava que
fosse gostar tanto dessa leitura, porque morro de medo de amar tanto uma capa e
depois me decepcionar com o conteúdo hahaha, mas nesse caso fiquei muito feliz.
Simplesmente adorei essa leitura! Recomendo muito!
Sinopse:
Filho de pai muçulmano egípcio e mãe católica libanesa, Omar-Jo carrega suas origens no nome. Durante a guerra do Líbano, em 1987, um carro-bomba leva seus pais e seu braço. E o menino de doze anos é enviado pelo avô, trovador, a Paris. É onde ocorre o encontro do Oriente com o Ocidente, do menino-duplo com as luzes, as cores, os sons e os movimentos do Carrossel de Maxime; o rabugento proprietário que, pouco a pouco, reencontra com o menino, então múltiplo, a alegria de viver. Alteridade, amor e tolerância fazem parte do enredo poético. A ser lido em voz alta.