Editora: Morro Branco / Gênero: Ficção Cientifica
Páginas: 352 / Ano: 2018
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Oi gente! Tudo bem? Hoje a resenha que trago é de mais um livro lançado este ano pela editora Morro Branco da incrível autora de ficção cientifica Octavia E. Butler. E mais uma vez fui surpreendida pela sua narrativa, engolida pela sua escrita e fiquei chocada com o poder de voz que tem essa mulher. Despertar é o primeiro livro de uma série de quatro livros e de uma maneira bem apocalíptica vai narrar um cenário de um mundo pós destruição. Com uma conotação para a ficção cientifica, mesmo que você não esteja familiarizado com o tema, sugiro a leitura, para conhecer, para se deslumbrar, para fugir da zona de conforto.
Bom, o cenário que a autora constrói é bem maluco, mas na mesma proporção que é maluco e surreal é chamativo e nos faz ter uma curiosidade tremenda. A humanidade conseguiu chegar naquele ponto no qual tudo no planeta Terra foi destruído. Mas ao que parece um pessoal de outro mundo resolveu salvar a nossa pele. Alguns de nós fora resgatados por alienígenas. Um pessoal bem esquesito e muito mais evoluído do que nós humanos. Os Oankali fizeram este favor a nós, mas logo nossa protagonista vai perceber que não o fizeram somente por benevolência. Lilith Iyapo foi escolhida para ser treinada pelos Oankali e reger um novo despertar da humanidade, agora na condição de sermos supervisionados por eles, os alienigenas. Lilith foi despertada depois de 250 anos e começa a perceber pouco a pouco que já pode ser mais a mesma. Como sobreviveu a tanto tempo? Como se alimentou? Porque há um corte cirurgico na região do seu abdomen que antes não estava lá?
Ao abrir e fechar o jaleco, sua mão tocou a longa cicatriz em seu abdomen. Ela a adquirira, de alguma forma, entre os segundo e o terceiro Despertares; temerosa, examinou-a, imaginando como aquela cicatriz fora para ali. O que perdera ou ganhara, e por quê? E o que mais tinham feito com ela? Ela não era mais dona de sim mesma. Até mesmo sua carne podia ser cortada e costurada sem seu consentimento ou conhecimento.
O primeiro ser com o qual Lilith tem contato neste despertar é Jdahya. Ele vai lhe explicar de maneira reservada tudo o que vem acontecendo desde o resgate dos humanos feitos pelos Oankali. Jdahya também lhe explica que talvez certas coisas em Lilith foram modificadas e isso é o que passa mais a assustá-la. Lilith quer sobreviver de todas as maneiras (ou não?) mas o medo de se tornar outra coisa lhe paralisa a cada nova descoberta. E porque com eles? Qual o real interesse dos Oankali nos seres humanos?
Neste primeiro volume vamos acompanhar a narrativa ávidos por respostas. Eu me sentia sufocada junto com Lilith, tentando me acostumar a conhecer seres esquisitos com braços longos, com feições nada humanas, e que lhe mantinham mais como uma prisioneira do que como uma esperança para a renovação da humanidade. Há uma troca implícita na relação entre eles, mas será que essa troca favorece os humanos? Dá para sentir nas entrelinhas que os Oankali não se interessam apenas em reconstruir um novo mundo para nós humanos. Eles querem nos modificar geneticamente, querem nos testar, querem nos observar como se fossemos ratos de laboratórios. E Lilith tenta a todo momento buscar respostas, e tenta se rebelar, inclusive quando começa a ter contato com outros humanos. Mas como sair da condição de renegado quando quem te mantem aprisionado é uma raça superior? É aí que entra a genialidade dessa autora, que sabe muito bem construir uma trama fantástica.
Por mais louca que pareça ser a história, ver a raça humana depender de seres alienígenas para sobreviver é como estar amordaçado. Enquanto humanos, aqui na terra, nos achamos superiores a todos os outros animais que a povoam. Estar do outro lado vai nos mostrar quão frágeis somos e como é difícil sair da condição de colonizados. Fora que os personagens construídos pela autora são muito bem delineados e têm características muito próprias, tanto com suas fraquezas como com suas forças. Por ser o primeiro volume de quatro, talvez a narrativa tenha mesmo que ser mais descritiva, para ambientar o leitor, mas isso não me atrapalhou em nada, pois os capítulos são curtos e a dinâmica de leitura fluí rapidamente.
Não é um livro comum. Ele é bem bizarro, afinal é ficção cientifica hahah! Mas eu adorei! Adorei a experiencia. Porque essa autora é muito boa e despertar nossa curiosidade. Além disso ela trata temas como liderança feminina, violência, xenofobia, nas entrelinhas, fazendo o que o nosso interesse seja ainda maior pela leitura. Não é rasa. Não é simplesmente um bando de alienígenas que tomaram conta de alguns humanos sobreviventes e só. A narrativa é muito mais que tudo isso. E são esses elementos que tornam Octavia que essa autora de sucesso.
Sinopse:
Há vida inteligente lá fora e é ela que salva a humanidade de si mesma. Quando Lilith Iyapo desperta após 250 anos de animação suspensa, descobre que o planeta Terra e os seres humanos sobreviventes de uma guerra catastrófica estão sob a guarda dos Oankali, uma espécie alienígena com habilidades e tecnologias tão impressionantes quanto sua aparência é repulsiva. Lilith foi escolhida para despertar e preparar outros seres humanos para finalmente retornarem ao planeta natal. A Terra está novamente habitável há pouco, porém em condições bem diferentes do que conheciam. Assim, os humanos precisarão desenvolver suas habilidades de sobrevivência, enquanto Lilith terá que superar as próprias suspeitas para liderá-los nessa nova etapa – além de decidir se vale a pena andar sobre a linha do que nos define como humanos.