Editora: Cosac Naify / Gênero: Romance / Biografia
Páginas: 76 / Ano: 2008
Skoob / Amazon / Submarino
Oi lindezas! Tudo legal? Hoje trago a resenha de um livro puro e singelo, que peguei emprestado com uma amiga lá no trabalho - Carta a D. de André Gorz, foi lançado em uma edição linda da Cosac Naify. Eles fizeram a capa em formato de carta, e realmente foi como se o autor estivesse escrevendo uma linda de carta de amor para sua esposa, de oitenta e dois anos. A singeleza já começa por aí. Me apaixonei quando abri esse livro e quando o peguei nas mãos. Amo as edições da Cosac Naify, são sempre caprichadas e com detalhes que deixam os olhos brilhando. Esse livro não peca em nada no designe. Está lindo, lindo, poético desde a capa.
Por que você está tão pouco presente no que escrevi, se a nossa união é o que existe de mais importante na minha vida?
Eu não tinha lido nada desse autor ainda, então na sabia o que esperar. Pesquisei um pouco dele na internet e encontrei vários livros didáticos e filosóficos dele. Então acredito que esse tenha sido um de seus livros mais pessoais, porque é quase uma biografia. Uma biografia do início de seu amor por sua esposa até os dias em que agora velhinhos, completam cinquenta e oito anos juntos. É tempo pra chuchu né gente! rsrs. E a forma como o autor aborda os sentimentos que sente pela esposa, a D, nos mostra que esse amor está tão maduro e ainda forte que é bonito de ver.
É uma tremenda carta de amor de um intelectual, que divaga ora por assuntos mais ternos e cheios de paixão, e ora lembra-se de alguma situação política pela qual os dois passaram juntos nestes muitos anos de casamento.
Então por mais que o livro tenha essa conotação romântica, ele vai nos trazer elementos históricos, e nuances de cada fase do relacionamento dos dois, nos ambientando e fazendo refletir sobre diversos tempos da história. Um casal quase centenário tem muito a dizer sobre o mundo.
Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.
Conforme vamos avançando na leitura, percebemos a crueldade com que o tempo trata os amantes. Parece que quando amamos, queremos mais tempo para tudo. Mas logo surgem as dores, as doenças, as ausências. Perde-se um ente querido aqui, outro ali, e o medo de se perder quem se ama vai crescendo. Talvez tenha sido por isso que André resolveu escrever esse livro para sua amada - talvez para imortalizar esse sentimento tão grande que nutre por ela? Uma última tentativa de vencer o tempo e tornar a história dos dois infinita e imortal. Eu pelo menos vejo assim. Um livro bastante lírico e delicado, que me deixou bastante satisfeita quando o terminei de ler.
Recomendo para quem gosta do autor e o conhece, desejando ler algo mais pessoal, ou para quem simplesmente assim como eu, quer ler uma linda história de amor, curta e sensível. Poucas páginas de um amor enorme e singelo.
Sinopse:
Este é o último livro do filósofo francês André Gorz, escrito para homenagear sua mulher, Dorine, com quem partilhou a vida por quase sessenta anos. O casal cometeu suicídio em 22 de setembro de 2007; os corpos foram encontrados um ao lado do outro, e um cartaz, na porta de sua casa, pedindo que a polícia fosse avisada. Gorz era um crítico radical da mercantilização das relações sociais, contrário à crença no trabalho assalariado, além de ser autor de vários livros sobre ecologia. Desde o início da década de 90 vivia em retiro com a mulher, que sofria, havia anos, de uma doença degenerativa. Os dois viveram uma grande história de amor e companheirismo, após terem se conhecido em Lausanne, numa noite de neve, em outubro de 1947. Desde então, nunca mais se separaram.